Hoje fomos surpreendidos com a chegada de uma linda cadela, ela tem pouco dias, não sabemos ainda a raça, mas não importa, já é da família, só falta escolher o nome....
Cresci entendendo que mulheres tinham que fazer coisas como lavar, passar, cozinhar, costurar, cuidar dos filhos, ser esposa, enfim essas funções, e que os homens deveriam trabalhar, carregar coisas pesadas, ser gentis, abrir e fechar porta de carro, pagar a conta, ser um protetor, (nunca aceitei, mas fazer o que?, família é família), mas as coisas mudaram (ainda bem). Meu pai sempre foi muito severo, do tipo cara fechada, nunca falou muito (como todos os homens), quando falava, muitas vezes era para chamar nossa atenção (sempre fomos crianças bem levadas, do bem!) e só depois de muito tempo é que voltávamos a abrir nossa boquinha (de medo), deixei particularmente de apanhar aos 12 anos, isso marcou o inicio da minha adolescencia, que inclusive sai recentemente, e foi muito tranquila, sem muitas rebeldias. Lembro de uma época que minha irmã caçula precisou fazer uma cirurgia no abdomem, devido a grandes nódulos que foram encontrados, descobertos por nós mesmos, minha irmã deitava no chão da casa, e víamos os nódulos aparecerem, então imediatamente a levaram para fazer exames, minha mãe foi ficar com ela no hospital, foram dias de intensa saudade, mas nos surpreendemos com nosso pai, como não podíamos fazer os serviços de casa, por sermos crianças, ele passou a lavar, passar, cozinhar, (ele fez varias vezes bolinhos para nós) enfim exercia seu papel de pai, não mais aquele papel que conhecíamos. Comecei a ver meu pai de forma diferente e especial, e até hoje ele de vez em quando lava louças, do nada, sem que precise atender o pedido de alguém, ele simplesmente lava, e continuo o admirando por isso, são nos pequenos atos que ele se revela um grande homem. No entanto ele não fazia essa gentileza somente com os filhos, sempre tratou minha mãe muito bem, e foram poucas as vezes que brigaram, brigas que se resolviam logo, um sempre se apoiou no outro, sempre os vejo como cúmplices, de algo que não faço ideia do que seja ainda. Homens que lavam louça!
Às vezes deixamos tão rapidamente de pedir perdão, esquecemos tantas coisas importantes, como os aniversários (tios, primos, amigos, irmãos), esquecemos velhos amigos, não buscamos conservar os novos, (estou falando "nós", mas refiro-me muito mais a "mim"), desistimos facilmente das pessoas, não acreditamos em milagres, queremos ser seres cheios apenas de ciência e não mais de fé, buscamos apenas nossos próprios interesses, o interesse dos outros, estranhos ou conhecidos, não nos diz respeito, e assim levados somos por qualquer brisa, deixamos nossas mentes serem tomadas pela maldade (a gente conta porcarias de piadas que não têm graça, porque já não temos mais a verdadeira essência da felicidade, a trocamos por quinquilharias, e assim lá está nosso coração gelado e cheio de velharias como um casarão sem vida) não se trata de hipocrisia, porque estou falando e assumindo as minhas experiências aqui, sou eu mesmo, e caminhando por tantos lugares e conhecendo pessoas novas, percebi que tudo o que vivemos pode não significar muito, se a base de cada sentimento não estiver em Deus, que faz com que tenhamos uma casa sempre renovada, com flores novas colhidas todas as manhãs, e cada som como único, palavras que saem carregadas de sentimentos bons e justos, já não saem por acaso, mas com reais intenções de alegria, de preocupação, de agradecimento, de perdão, e as experiências são mais felizes e as consequências mais livres, o amor verdadeiramente amor.